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Nosso amigo Jesus




O salão da Sociedade Morgenau, em Curitiba (PR), ficou lotado com a presença de aproximadamente mil pessoas que compareceram para assistir ao seminário realizado por Raul Teixeira, no dia 14 de dezembro. O evento foi promovido pela Federação Espírita do Paraná para marcar as reflexões em torno do “Nosso Amigo Jesus”, tema do seminário, que foi parte das comemorações no Natal de Jesus.

Além do seminário, a Federação também promoveu a apresentação da peça teatral Auto de Belém, no mesmo fim de semana (veja-se matéria na página 12).

Raul iniciou suas ponderações com grande lucidez doutrinária, abordando a maneira como nos relacionamos com o Divino Amigo. Explicou que Joanna de Ângelis e Emmanuel assinalam que em esferas superiores, raramente espíritos iluminados se referem a Jesus pelo nome, mas por adjetivos tais como “Nosso Mestre” ou “Nossa Estrela Polar”, devido ao reconhecimento da grandeza deste Espírito que passou dezessete séculos de preparação e adaptação à psicosfera terrestre, antes de Seu nascimento entre nós.

Participando da Comunidade de seres perfeitos que trabalharam desde a formação do nosso planeta, operando sua escultura geológica, o “Divino Escultor”, como é chamado por Emmanuel, no livro A Caminho da Luz (Francisco Cândido Xavier), se apresentou à Humanidade chamando-nos fraternalmente de “amigos”.

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o Senhor; tenho-vos chamado amigos, porque tudo o que ouvi do meu Pai vos tenho revelado” (Jo,15:15). Raul sugere uma comparação com o episódio em que Jesus lava os pés de Pedro, pois, afirma, ali se observa que o verdadeiro amigo é capaz de servir ao amigo sem necessidade de constrangimento, humilhação ou bajulação.

O Divino Amigo, que teve sua vinda anunciada como a Boa Nova de alegrias, exemplificou uma maneira diferente de encarar o sofrimento. Raul chamou a atenção para o fato de que a mensagem de alegria que Jesus trouxe ao mundo não livrou o caminho de sofrimento dos cristãos que o seguiram: “Rejubilar-se pelo merecimento de sofrer é encontrar-se na alegria de Jesus, pois as agressões que nos chegam já não nos provocarão mágoa, ódio ou desejo de vingança, mas um sentimento de perdão e compreensão”.

O Espiritismo é filosofia que oferece o entendimento da dor, suas razões e efeitos, e dá ao espírito a lógica da fé e fomenta a esperança, o que lhe permite recuperar o ânimo frente às dificuldades. Raul ilustra, através da oração de Francisco de Assis - “Onde houver tristeza, que eu leve alegrias” - que o papel do cristão deve ser também o de levar este consolo aos companheiros de convivência, demonstrando que a mensagem cristã dá entendimento para superar o sofrimento com coragem e confiança nas Leis de Deus.

Em momento de grande seriedade, o médium e professor, conhecedor das dificuldades que o espírita possui, comenta a passagem evangélica: “Meu pai não quer a morte do ímpio, mas a eliminação da impiedade”, e faz um convite à auto-reflexão em torno da própria cota individual de impiedade. Neste segmento, Raul dá destaque ao hábito da perfídia de falar mal dos companheiros. “O homem bom retira o bem do bom tesouro que carrega no coração, disse-nos Jesus. Podemos ver as coisas boas ou as coisas ruins nas pessoas”, e adverte, mais adiante, que “dar a vida em favor dos amigos não é morrer por eles, mas entregar os nossos valores às pessoas as quais amamos”.

O sentido de dar a vida por alguma causa implica refletir sobre: “A quem estou sendo útil e em que momentos realizo o que devo fazer, ao invés de realizar o que quero fazer?”, elucida Raul. Essa posição é a do homem mais próximo de desfrutar da paz interior, à imagem de Jesus, pois “Porque me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que eu digo?” (Lc, 6:46).

Raul Teixeira finaliza seu seminário lembrando que “quem não é fiel no mínimo, não será fiel no máximo. Não tenhamos nenhuma pretensão de nos fazer missionários; vamos ser amigos fraternos, fazer as coisas que podemos, mas fazer bem. É muito importante que comecemos a ver o mundo com outros olhos, como quem merece a felicidade, e trabalhemos esta felicidade em nós”.

Marcelo J. de Sousa

Fonte: Jornal Mundo Espírita - Janeiro/2004