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Mundo Espírita entrevista Raul Teixeira


ME – Que critérios as instituições espíritas deverão adotar para evitar as esquisitices que tentam infiltrar-se no movimento espírita?

 

RT – Todas as vezes em que ouvimos falar em esquisitices de qualquer tipo, que intentam penetrar o nosso Movimento, pensamos imediatamente na proposta da Doutrina Espírita, bem como dos critérios de bom senso aplicados pelo Codificador, Allan Kardec. As esquisitices são, sem objeção, frutos do acentuado desconhecimento do pensamento espírita, tão bem apresentado por Allan Kardec. Muitos que leem as obras espíritas, mas sem o amadurecimento do senso moral, sem o costume das análises profundas, deixam-se adormecer na letra, sem condições de avançar conteúdo adentro.

 

Doutrina de lucidez e grandeza, cabe aos seus profitentes, aos lidadores das suas searas, a maturidade e a fidelidade, a fim de que não permitam tais infiltrações em suas instituições, em nome da fidelidade à pureza doutrinária e da coerência entre conhecimento e prática.

 

ME – Alguns espíritas se arvoram em prometer curas através de poções, ou de diversas terapias conhecidas no mundo. Como esses episódios podem ser vistos tendo por base a proposta espírita?

 

RT – Partindo-se do ponto em que o Espiritismo não tem por escopo principal a cura dos corpos, as curas físicas, fica bem nítido o equívoco em que incorrem os companheiros que, inadvertidamente, ou empolgados excessivamente, prometem curas em seu nome.

 

Toda a proposta da Doutrina Espírita assenta-se na transformação moral do indivíduo e as suas terapias, basicamente a fluidoterapia, precisam orientar os que as buscam para essa primordial necessidade, que é a do seu burilamento interior, sem o que toda e qualquer terapia redundará inócua.

 

ME – O sensualismo que adentra os lares através de variada programação televisiva pode interferir no processo educacional das pessoas?

 

RT – Sem a menor dúvida, as aberrações, os exageros, vinculados à sensualidade, como têm mostrado inúmeros programas de televisão, interferem bastante no comportamento da sociedade como um todo e, por isso mesmo, não poderá deixar de influir na questão educacional de todos. As torpezas vão ficando coisas normais. As discrepâncias vão sendo aceitas sem maiores problemas, e tudo vai-se degenerando.

 

Há, contudo, uma questão que não pode ser deixada em plano secundário. É a ineficácia dos processos educacionais destes dias, embasados no imediatismo das coisas materiais, sem qualquer cogitação acerca do Espírito do qual se fala, como se fala de qualquer outra coisa de menor expressão, longe de se levar aos indivíduos, adultos ou crianças, essa visão clara de que somos Espíritos, imortais, responsáveis por nossos atos, sejam de que natureza forem.

 

O problema dessas programações de TV é o reflexo dos problemas dos indivíduos que organizam essa programação, dos que a selecionam, dos que a patrocinam, dos que a levam ao ar, dos que a ingerem com bom paladar. Eis aí um desafio para a educação profunda e séria. Eis aí um campo ingente de trabalho para os cristãos, em geral, e para todos aqueles que sonham com um mundo novo, harmonizado com Deus, por meio das Suas Leis.

 

ME – Muitos dos vícios que ganharam largos espaços nas gerações passadas, são vistos hoje em dia, por alguns moços, como coisas sem grandes atrativos. Podemos crer numa geração mais evolvida?

 

RT – À medida que a humanidade marcha para adiante, muitos dos indivíduos que retornam do Mundo dos Espíritos portando suas bagagens de experiências infelizes do passado, muitas vezes tendo pago preço bem alto por elas, na sua condição de Espíritos, decidem-se por exercer um maior domínio sobre suas pulsões, sobre sua vontade, apoiados numa “intuição” profunda dos seus deveres e necessidades sobre o mundo. Assim, deparamos um grande contingente de jovens que não se permite mais o atrelamento com diversos vícios ou tormentosas paixões, elaborando um programa de renovação de si mesmos, indicando seu processo de crescimento pessoal. Infelizmente ainda não é uma postura de geração, mas é postura individual, que deverá influenciar vários outros, cumprindo a afirmativa de Jesus Cristo quando disse que “um pouco de fermento fermenta toda a massa”.

ME – As descompensações de várias ordens como o stress, a depressão, etc, são resultados de fatores sociais ou têm sua gênese no cerne do indivíduo?

 

RT – Os fatores de ordem social, econômica, política, todos costumam interferir enormemente para essas descompensações. Porém, é justo que não ignoremos que essas “baixas de tônus” têm suas raízes no íntimo de cada um. É o problema da alma que abre fendas para a instalação dessas dificuldades, ou dessas descompensações.

 

ME – Qual deverá ser a melhor conduta do espírita frente à violência?

 

RT – Parece-nos que a melhor conduta dos espíritas, dos que conhecemos o ensino do Cristo “Bem aventurados os mansos...”, será a estruturação e a manutenção do equilíbrio, da harmonia, da paz, onde se encontre e com todo e qualquer material ao seu alcance, a fim de que a paz deixe de ser um mero artigo retórico nos discursos vazios dos que estão interessados nas consequências da violência, que já é a consequência de outros diversos fatores.

 

ME – Depois de atender a atividades doutrinárias, por duas vezes nos Estados Unidos, neste ano, como você vê o movimento espírita naquele país?

 

RT – Vejo-o como uma plântula singela e promissora, carecendo da boa mão que o oriente, das dignas palavras que o sustentem, da luz solar da cooperação que o fortifique, tanto quanto do seu próprio empenho, com os esforços dos seus elementos humanos, para que saibam aproveitar o melhor das melhores experiências no campo espírita, para que, em tempos breves, oxalá, tenhamos um grande Movimento Espírita, consciente e operoso, nas mãos dos irmãos da pátria norte-americana.

 

ME – Quais foram as cidades dos Estados Unidos que você atendeu a programações espíritas?

 

RT – Em nossa estada de julho passado, pudemos visitar Miami, Filadélfia, Washington-DC, Jersey City e New York. Na segunda viagem, como tinha convite para cursos e seminários específicos, estive em Washington-DC, Jersey City e New York apenas.

 

ME – Há alguma outra viagem internacional programada?

 

RT – Sim, há. Estou com uma larga programação para 35 dias nas terras da velha Europa, para o mês de janeiro e começo de fevereiro, ocasião em que estarei viajando por 9 países, a saber: Inglaterra (Londres), França (Tours, Paris, Lyon), Bélgica (Liège), Holanda (Amsterdã), Alemanha (Colônia), Áustria (Viena), Tchecoslováquia (Praga), Suíça (Zurique e Genebra) e Espanha (Barcelona, Réus, Villena e Madri).

 

ME – Visitando todo o nosso país, cumprindo programas elaborados pelas federadas, como você vê o trabalho de unificação?

 

RT – Percebo-o como um labor vitorioso, gradualmente. À medida em que os dirigentes regionais vão-se compenetrando dessa importância, do importante que é a sua participação consciente e ativa, a Unificação, que foi anelo de Bezerra de Menezes e de outros vates do pensamento espírita no Brasil, vai-se consolidando, alcançando seus objetivos.

 

ME – Dois livros lançados este ano pela Editora Fráter Livros Espíritas Ltda., “Diretrizes de Segurança” e “Cântico da Juventude”. Como está sendo a aceitação deles?

 

RT – A aceitação destas duas obras pelo público espírita tem sido excelente. Os conteúdos de ambas e a objetividade me parecem os elementos mais destacáveis nestes trabalhos. Graças a Deus, tanto o livro em parceria com o nosso Divaldo Franco, que é o “Diretrizes...”, quanto o livro mediúnico do Ivan de Albuquerque, o “Cântico...”, vêm sendo alvo de muitas bênçãos e cooperando nos estudos espíritas aqui e ali.

 

ME – O livro Cântico da Juventude objetiva somente o público jovem?

 

RT – A proposta original do autor desencarnado era alcançar a mentalidade juvenil, em razão do temário, dos enfoques, etc. Vimos, contudo, que o livro atende a uma vasta gama de interesses, tanto quanto dos pais, dos educadores, evangelizadores de maneira geral. É um trabalho muito feliz.

 

ME – Uma mensagem de natal para os leitores do “Mundo Espírita”.

 

RT – Peço licença para oferecer aos caros irmãos e amigos, leitores do abençoado mensário espírita a mensagem que o caroável Ivan de Albuquerque enviou-nos, psicograficamente, sobre as evocações natalinas:

 

Floração de Natal

 

Doce amigo Jesus,

Entendendo o quanto a humanidade te há esquecido os ensinos formosos,

E admitindo o quanto de dores e de frustrações tem-se abatido sobre o mundo em razão dessa indiferença,

Vimos dizer-Te, amado Amigo, os nossos mais profundos anelos e suplicar-Te as renovadas messes de assistência para todos os homens.

Escuta, Jesus, os ulos de agonia dos sofredores que se arrastam sem alento ou sem medicação que os alivie.

Atende, Senhor, a rogativa dorida das mães em desespero e desgosto tanto quanto dos filhos na orfandade, ansiando por Teu amoroso e acolhedor regaço.

Visita, Rabi, o lar empestado pelo crime e pela viciação, a fim de que o mal seja batido sem detença.

Envolve, Mestre, os que semeiam miséria e dissabores em todo e qualquer caminho, enquanto há tempo de retornarem a novos rumos.

Renova, Atento Guia, as energias dos Teus servidores pequeninos e dedicados, que se levantam com o Sol e se recolhem pelas frias e solitárias madrugadas, para que não faltem aos plantões da fraternidade e da misericórdia em nome do Teu Amor, para que não esmoreçam.

*   *   *

Enquanto Tu nos puderes escutar, atender, visitar, envolver e renovar as nossas forças, guardaremos a dúlcida certeza de que renasces a cada dia, pelas mãos dos que servem, pela voz dos que reerguem, pelos gestos dos que não descansam, anunciando, pela Terra inteira, que é sempre tempo de Natal. Que é sempre Natal. Que há sempre o Teu amor florindo corações.

Ivan de Albuquerque

(Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira,

 em 19.11.1990, na Sociedade Espírita Fraternidade-Niterói-RJ)

 

Fonte: Jornal Mundo Espírita de dezembro de 1990.

Em 16.11.2010..