Em entrevista à Revista Espírita Allan Kardec, o Orador Espírita Raul Teixeira fala sobre os Anjos, que aqui transcrevemos:
É ponto pacífico em todas as religiões, que todo indivíduo tem um espírito protetor ou "anjo da guarda" que o acompanha durante toda a vida. Esse espírito fica sempre junto do seu protegido ou sua atuação se faz à distância?
Esse Anjo da Guarda estará sempre junto ao seu protegido, sem que esse "estar junto" seja entendido física ou geograficamente. Mesmo que se encontre à distância do protegido o Anjo Guardião estará "perto", desde que o seu tutelado se mantenha psiquicamente a ele vinculado. Isso nos permite dizer que a atuação do Guardião pode fazer-se estando próxima ou distante, fisicamente, do seu protegido.
A chamada "Voz da Consciência" é a voz desse espírito protetor?
A voz da consciência, geralmente, se refere à presença das leis divinas em nossa intimidade, agindo na condição do implacável juiz que nos aplaude quando acertamos e que nos admoesta quando erramos. Entretanto, em muitas ocasiões, a inspiração superior dos nossos Guardiões pode-se apresentar como verdadeira voz da consciência, principalmente quando nos vem advertir quanto a situações comprometedoras ou, ainda, quando nos sugere realizações importantes para a nossa jornada de evolução.
Ele tem recursos para evitar ou provocar acidentes ou enfermidades, com o objetivo de proteger seu pupilo de um mal maior?
Quanto mais evoluídos são os Espíritos, de mais recursos dispõem para conduzir os seus tutelados para uma ou outra situação, sempre atentos às necessidades e aos méritos dos seus pupilos, principalmente quando essas necessidades e esses méritos tenham o poder de interferir positivamente no processo evolucional dos indivíduos.
Quais são os recursos que ele adota para desviar seu protegido dos vícios, das paixões e demais prejuízos espirituais?
Pode ele inspirar, mobilizar situações sociais em torno dos seus tutelados. Pode lançar mão de fluidos diversos, de energias variadas, que tenham a possibilidade de agir nas células, nos órgãos, no psiquismo. Entretanto todas essas providências estão sempre associadas à "lei do mérito”.
Esgotados esses recursos ele se afasta deixando o pupilo entregue a sua própria sorte?
Consciente como é de que não deverá impor ao seu tutelado, aquilo que este não queira, entrega-o ao próprio livre arbítrio, quando, então, se vinculará às faixas vibratórias que deseje, até o momento do arrependimento e do "retorno" aos bons climas espirituais.
Diz-se que o espírito Ismael é o guia espiritual do Brasil. Todas as nações têm a proteção de um espírito hierarquicamente superior aos demais que a compõem?
Indubitavelmente.
Quando duas ou mais nações estão em conflito, como fica o relacionamento dos respectivos espíritos protetores?
Os nobres Guias das nações estão acima das perturbações dos seus povos, do mesmo modo que pais maduros e conscientes não permitem qualquer problema em seu relacionamento, quando seus filhos, meninos e irresponsáveis, imaturos e inexperientes, se engalfinhem, se agridam pelos campos onde se desenvolvem. Para os excelsos mentores, o serviço prestado a Jesus, em cuidando de largas faixas do Seu rebanho ainda inferiorizado, constitui-se em grande honra e estão sempre mobilizando providências para que se estabeleça a paz; o entendimento e a fraternidade entre as nações.
Emmanuel é o espírito protetor de Chico Xavier. Comenta-se que, após a desencarnação de Chico, Emmanuel reencarnará e as posições se inverterão. O que você acha dessa hipótese?
Como hipótese é bastante interessante. Faltam-me, contudo, melhores elementos para uma avaliação mais significativa.
Os médiuns que trazem um "mandato mediúnico" possuem, além do espírito protetor, um espírito que coordena suas atividades mediúnicas? No seu caso, qual a posição de Camilo?
Admitamos um empresário que deve dar conta de um certo projeto, e que, para isso, dispõe de uma equipe de servidores sob sua condução. O Anjo Guardião de ninguém com tamanha responsabilidade perante a existência, com certeza terá um grupo de outras entidades atendendo aos variados setores desse "projeto mediúnico".
Quando o Benfeitor Camilo apresentou-se claramente às minhas percepções, falando-me dos sérios compromissos nossos para com Jesus, já eu vinha, desde muito tempo, sendo "trabalhado", sendo exercitado em meus labores mediúnicos por outras entidades amigas que, no devido tempo, se afastaram da ação direta, afirmando que tinham cumprido o seu papel junto àquela etapa do meu desenvolvimento geral. Assim, até onde posso alcançar, o espírito Camilo é o querido Guardião, ensinando-me a viver melhor, a errar menos, enquanto me enterneço e prossigo nos labores do Sublimado Anjo Guardião do planeta, que é o amado Jesus Cristo.
Para finalizar, gostaria de acrescentar mais alguma informação ou comentário sobre o assunto para os nossos leitores?
Quero dizer aos nossos amigos, leitores dessa notável Revista Espírita Allan Kardec, sobre a beleza da nossa existência atual na Terra, perante esse amontoado de dificuldades e de tormentos que tem caracterizado o mundo, em fase,de transição. Quero dizer que todos somos muito felizes, mas muito felizes mesmo, tendo em vista que o Criador nos está presenteando com a chance de demonstrarmos o aprendizado de tantos imortais valores, exatamente nessa época de compreensíveis alucinações do "homem-velho", nos estertores finais de um período inferior.
Assim, que nenhum de nós se rebele. Que ninguém assimile esses tóxicos do desalento, mas que avancemos destemerosos oferecendo a. Jesus o que tivemos de melhor em nós e ao nosso alcance. Quem puder escrever sobre o bem, que escreva. Quem puder falar o bem, que o fale. Quem puder cantar a mensagem do bem, que distenda sua voz. Os que souberem encenar, que ponham a arte cênica para louvar o amor e o bem, impregnando com beleza as mentes e os corações. Quem souber ensinar, compreender, perdoar, quem souber alegrar, elevar, fazer, sorrir; quem for capaz de amar, em qualquer nível, pois que ame, não se negue, não se omita. É esse o nosso momento de semear felicidade e luz. Não importa que sejamos muito moços ou muito idosos, não nos importem as dificuldades materiais passageiras. Que cada um de nós ofereça, para o Grande Banquete, o que tivermos de melhor, porque o nosso melhor tempo é o tempo presente.
Jornal Mundo Espírita, janeiro de 1995