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Raul Teixeira em atividades no Sudoeste do Paraná




Era inverno de 1974...

Na Capital paranaense, pela primeira vez, desembarcava o jovem Raul Teixeira, trazendo todo seu entusiasmo e sua bagagem de conhecimentos doutrinários para dividir com o povo da Terra das Araucárias....

Trinta anos se passaram, céleres...

Nesse início de outono, quase tão frio quanto aquele primeiro inverno, eis que vamos encontrar Raul, com o mesmo entusiasmo dos primeiros tempos, arrebatando o público, agora, na Região Sudoeste do Paraná.

A esteira do tempo roda, e Raul vem espalhando a boa semente no Paraná, em todas as estações... sem esmorecimento e com a fidelidade doutrinária que sempre lhe foi característica.

Na noite do dia 19 de março, passado, Raul Teixeira proferiu palestra na cidade de Francisco Beltrão, no Anfiteatro da UNIOESTE, onde se reuniram pessoas de várias regiões do Paraná e de Santa Catarina.

O público, de aproximadamente 600 pessoas, teve oportunidade de tomar contato com a mensagem espírita de forma clara e envolvente, pelo verbo útil do Orador.

No dia 20, sábado, o movimento espírita de Pato Branco recebeu Raul no Teatro Municipal Naura Rigon, onde acorreram cerca de 700 pessoas.

Na manhã de domingo, das 9 às 12 horas, Raul coordenou o II Encontro de Trabalhadores Espíritas do Sudoeste do Paraná, abordando o tema Nosso Amigo Jesus, evocando os 140 anos de O Evangelho Segundo o Espiritismo. O evento aconteceu na Sociedade Espírita Fraternidade, também em Pato Branco. A promoção das atividades foi da 14ª URE - União Regional Espírita, da Federação Espírita do Paraná, com sede em Pato Branco, sob a coordenação geral do atual Presidente Ubiratan Archetti.

Com intuito de envolver mais de perto os corações dos lidadores das tarefas doutrinárias da Região, Raul dispôs de um tempo, no sábado à tarde, para uma reunião com os trabalhadores, que puderam trocar idéias sobre as atividades espíritas e receber algumas orientações importantes.

Raul iniciou o bate-papo dizendo que em geral não estamos satisfeitos com o mundo, mas que o mundo não muda, a não ser a partir da nossa mudança individual.

“Somos criaturas inseguras, ansiosas, individualistas. E encontramos no movimento espírita a soma dessas características individuais”, afirmou.

Alertou que a grande preocupação dos Benfeitores espirituais é com a falta de unidade no meio espírita. “Hoje existe uma tendência a se fazer um espiritismo à moda da casa, à moda do dirigente, e isso predispõe às suscetibilidades, pois fere o orgulho, a vaidade, o personalismo”, comentou Raul.

Kardec foi o pioneiro nesse tipo de bate-papo dirigido a trabalhadores do movimento espírita. Eis o que ele já havia alertado aos grupos, num desses encontros: “Eu disse que os adversários têm uma outra tática para alcançar seus fins: consiste em procurar semear a desunião entre os adeptos, atiçando o fogo de pequenas paixões, de ciúmes e rancores, fazendo nascer os cismas, suscitando causas de antagonismo e de rivalidade entre os grupos, a fim de levá-los a constituir diversos campos.” (Livro Viagem Espírita em 1862, Instruções Particulares dadas aos grupos em resposta a algumas das questões propostas).

É graças aos espíritas incautos que os inimigos da Luz espalham a desunião. “Se alguém vem nos dizer algo sobre um companheiro, nós já julgamos e condenamos a pessoa, sem dar a ela a chance de se explicar. Arvoramo-nos a patrulhar a vida dos outros, sem nos preocupar com a nossa própria renovação” acrescentou Raul.

Mormente nos períodos de eleições para os cargos de Dirigentes, é que os ânimos ficam exacerbados, pelos que desejam estar sempre em evidência. Por aqueles que disputam cargos e não a honra de servir. “O ideal seria”, disse Raul, “que os lidadores da Seara espírita conversassem entre si sobre o assunto; resolvessem entre os trabalhadores quem poderia assumir o compromisso de ocupar esta ou aquela posição para atender a organização de uma Instituição, segundo as exigências legais. Uma vez decidido quais os amigos que poderiam assumir essas responsabilidades administrativas, a eleição se daria por aclamação. Isso provaria a verdadeira união. Onde há chapas, não há unidade”.

A esse propósito o Codificador disse: “Lembrai-vos de que a luta não está terminada e de que o inimigo se encontra ainda às vossas portas. Mantende-vos constantemente em guarda a fim de que ele não vos apanhe desprevenidos. Em caso de incerteza tendes um farol que não vos pode enganar: é a caridade, que nunca é equívoca. Considerai, pois, como sendo de origem suspeita, todo conselho, toda insinuação que tender a semear entre vós germens de discórdias, e a vos extraviar do caminho direito que vos ensina a caridade em tudo e por todos.”

Raul concitou os amigos da boa lida a se questionar intimamente: “O que estou fazendo no lugar que ocupo? Estou apenas esquentando cadeira? Como justificaremos a nossa omissão aos Espíritos do Cristo, se nós sabemos tudo e não colocamos em prática?”

Sim, pois essa resposta teremos que dar aos Benfeitores, quando do retorno à Pátria Espiritual.

Raul sugeriu, ainda, uma maior integração dos trabalhadores, reuniões para troca de experiências e enrijecimento das forças.

Assim se pronunciou o Mestre lionês, no livro já citado: “Seja-vos possível fundir-vos em uma única e mesma família e dar-vos mutuamente, do fundo do coração e sem pensamento premeditado, o nome de irmãos.”

“Os grupos são indivíduos coletivos que devem viver em paz, se são realmente espíritas. Formam batalhões da grande falange. Ora, o que será feito de uma falange cujos batalhões se dividirem? Aqueles que vêem o próximo com os olhos ciumentos, provam, só por isso, que estão sob uma influência ruim, pois que o Espírito do bem não pode produzir o mal. Vós o sabeis: a árvore reconhece-se pelos frutos. Ora, o fruto do orgulho, da inveja e do ciúme é um fruto envenenado que mata quem dele se nutre.”

“Estamos todos sob a espada de Dâmocles*. Estamos todos sujeitos a cair sob o jugo do homem velho”, lembrou o médium.

Para conclamar os amigos à fidelidade doutrinária, Raul Teixeira contou um fato ocorrido com o imperador Alexandre Magno. Seus comandantes sempre vinham lhe trazer a preocupação com um soldado de temperamento ruim, não afeito a submeter-se às orientações dos superiores. Alexandre chamou o rebelde para ter com ele uma conversa séria a respeito do seu comportamento.

“Qual é seu nome?” perguntou o Imperador.

“Alexandre”, disse o jovem.

O Imperador olhou-o, com firmeza, e lhe ordenou simplesmente:

“Troque de comportamento, ou troque de nome.”

Para usar o nome que representava grandeza d\'alma, era preciso honrá-lo.

“Se a nossa Instituição traz a denominação Espírita, é preciso honrá-la de conformidade com as orientações da Codificação Espírita. Caso não desejemos manter-lhe a fidelidade, mudemos a denominação”, aconselhou Raul.

Por fim, lembrou aos companheiros uma frase de Jesus, falando a Pilatos: “Quem ama a verdade, entende a minha voz”. (João, 18 - 37 e 38).

E quem ama a verdade certamente encontrará seus contraventores, mas é imperioso defendê-la com lucidez e confiança, e sem esmorecimento.

“Sou movido a desafios. Não sei se é virtude ou não, mas sou assim.” Dito isto, o orador exaltou a importância de continuar na tarefa, apesar de tudo.

“Se Jesus não quisesse se indispor com o Império Romano, não teria vindo à Terra. E Ele é o Modelo para ser seguido. O discípulo nunca será maior que seu Mestre. Se fizeram isso com a Rama verde, o que não farão com as varas secas, que servem para sustentar a vinha?”

Em clima de entendimento e muito entusiasmo, a reunião foi encerrada. E cada um dos trabalhadores que ali estava pôde levar a certeza de que nada é fácil, mas que é preciso perseverar até o fim, conforme a orientação do próprio Mestre Jesus, Coordenador geral da Seara.

* Dâmocles era um cortesão de Siracusa, no Sul da Itália. Ele sentia inveja de seu rei, o cruel Dionísio, que, para se vingar, mandou o invejoso em seu lugar a uma festa onde Dâmocles teria que agir como se fosse o rei. Na festa, o cortesão esbanjava felicidade até que olhou para o teto. Viu que uma espada pendia sobre a sua cabeça. Foi quando se deu conta, finalmente, de que a vida de ninguém é perfeita. (Nota da Redação)

Fonte: Jornal Mundo Espírita - Abril/2004