Com toda a certeza, o ser humano estranha, ainda agora, o fato de ter que trabalhar para atender as necessidades da vida material.
Muitos, visivelmente agastados, questionam-se, tanto quanto indagam a terceiros, sobre quem tem a autoria do trabalho.
Um pouco de atenção, contudo,levar-nos- á e aos questionadores, bem como aos que demonstram ojeriza ao trabalho, à compreensão de que o trabalho é uma das bem-aventuradas leis de Deus, ainda que muitos mantenham sua indisposição a qualquer tipo de ocupação útil. Foi o Criador da Vida, sem embargo, o criador do trabalho.
Recordemo-nos de que o Cristo afirmou que o Pai Celestial trabalhava sempre, e que Ele trabalhava também.
Assim, longe de ser um ato lamentável ou algo doloroso, é o trabalho uma das grandes oportunidades para que a criatura humana se desenvolva e se aproxime do Senhor dos Mundos. Temos na Terra diferentes modos de realizar trabalho.
O trabalho de iluminação intelectual, que impõe vontade e disciplina, regularidade e disposição para realizá-lo.
O trabalho de renovação do universo cultural, que exige amadurecimento e sensibilidade, a fim de que a alma se assenhoreia desses valores.
O trabalho na gleba terrena, onde se desatam as folhas verdes e os grãos, que precisam de quem conheça o ofício de adubar, de podar e de regar, para que não se mutile o vegetal.
O trabalho de lavrar a madeira ou o ferro, com ancinhos e formões, serrotes e martelos, com forjas, bigornas e tornos, o que exige prudência e imaginação, para que se leve a cabo a empreitada.
O trabalho de projetar, calcular e construir a morada humana, por meio da criatividade da arquitetura, da lucidez do cálculo e da força muscular, o que somente se consegue após longos anos de bancos escolares e de experiências com as várias combinações e traçados dos materiais.
O trabalho realizado no mundo, portanto, apresenta-se como recurso indispensável para que se possa conquistar tanto os valores da teoria quanto os dotes experimentais.
Não foi sem sentido que os nobres Mensageiros da humanidade ensinaram que toda ocupação útil é trabalho.
Pobre de quem somente vê o trabalho como fonte de ganhos e de lucros pecuniários.
Triste de quem não consegue ver no trabalho, que ilumina a mente e faz crescer a alma ou que fortifica a musculatura e honra a existência, a forma feliz de o homem conseguir prestar serviço ao semelhante, o que redunda em favor de si mesmo.
É por esses motivos que nos devemos lançar no aprimoramento da alma e do corpo, por meio do trabalho, quer dizer, de toda e qualquer ação de utilidade que venhamos a desenvolver na Terra.
Adotemos, pois, os bons costumes de gostar de ler, de estudar, de tocar um instrumento, de desenvolver ciências e artes, ao mesmo tempo que nos cabe forjar luz na mente e no coração, a fim de que o Cristo passe a pulsar em nossas atitudes, fale com nossas palavras e brilhe na luz projetada dos nossos raciocínios e sentimentos.
Seja qual for a luta a enfrentar na Terra, não deveremos deixar de desenvolver, em nós e em redor de nós, o hábito por demais salutar de servir por meio do trabalho que possamos realizar.
Trabalho sempre, eis a nossa meta para que nos acerquemos sempre mais do nosso Pai Criador.
Guilherme March
Psicografia de Raul Teixeira, em 21.5.2009,
no Instituto Espírita Bezerra de Menezes,
em Niterói, RJ.
Em 25.9.2018.